sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Fortaleza
Mas o comum é eu pedir e não ser me dado. Porque também, eu não peço com palavras, o que dificulta tudo para mim e para quem gostaria de me ajudar. Sou exigente demais. Peço uma compreensão que é difícil de ser dada. Como a criança que ainda não aprendeu a falar, quero ser compreendida. Mas, crescida que sou, não quero mais chorar. Porque se eu pedir com palavras e aquilo que eu preciso não me for dado, aí é que vou ficar triste. E já que sou só e tenho a consciência da solidão, que eu faça dela a minha fortaleza. Eu, forte e grande dentro de mim mesma. Com dores que não incomodam mais ninguém.
PS: não, isto não é triste. Pelo menos não deveria ser.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
equação
sábado, 27 de novembro de 2010
Sobre voar
A mim, resta o aprendizado. Fiquei sabendo depois de não ter mais visto o avião, que ele pode desaparecer. E não só pode: desaparece, como é de seu direito e talvez até mesmo de seu dever. Olho novamente pela janela. Meus olhos não são mais imóveis, e se transformaram. Meus olhos são a janela. Sou feita de aço e voo no espaço, sem saber para onde vou. A imobilidade me abandona. Você. O chão. Para sempre eu me voo. Sou também um avião. E vou pousar sabe-se lá em que pistas, e sabe-se lá se vou pousar. Talvez meu destino seja cair. Há em mim um piloto que me guia. Desconheço a rota, mas não deixo de voar por entre nuvens, tempestades e raios de sol. Ir em frente é a única salvação, e arduamente vou. Para onde vou? Não sei. Ao seu encontro? Quem sabe? Se nos faltar ar, máscaras de oxigênio cairão dentro dos nossos corações. Eles, que precisam tanto respirar.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Sentir muda
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
[Amor = x] | 1 | Carta nº1 a X
“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente.” - C.L.
pedido
que os carros não atropelem minhas ideias
que as buzinas não ensurdeçam minhas vontades
que os capitalistas não contagiem minhas necessidades
que as horas não controlem minhas ânsias
que os dias não me tragam cefaleias
que os salários valham menos que minha emoção
que o amor não enfrente mais distância
que pulem para o papel as palavras do meu coração
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
ocaso
nada acontece
por ocaso
no fim
o sol se pôe
dentro de mim
e o fim
vira aula
vira luta
vira lua
e eu vira-lata
viro a noite
esperando o dia apontar
[erros e apertos]
então o sol renasce
sem revoltas
ilumina sins e nãos
e eu aprendo
a lição
a vida fica mais clara
depois de uma escuridão
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Do outro lado do nojo
sexta-feira, 30 de julho de 2010
revelação
com o que disse
não quis dizer nada
só disse
e de repente
a verdade
apareceu
trote
domou o amor
que eu insisto em cavalgar
indignada
[rédeas em punho]
não digo nada
[mas suponho]
o cavalo sou eu
acidente
[seu]
fere
minha alma
ocidental
acidente
[o mais fatal]
:eu não ter nascido
[de repente]
oriental
anonimânsia
é áspera a espera
do seu silêncio deserto
jorram águas
:minha mitologia
acaba de molhar o papel
mas o teu nome secreto: nunca pronunciarei
monólogo
barulho de soco
na boca do estômago oco
sinto pelo que digo
mas teu umbigo
nunca será meu ouvido
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Profissão natural do brasileiro
segunda-feira, 19 de julho de 2010
sentimento eletrônico
"que importa o sentido se tudo vibra?" alice ruiz
me enxergam olhos gigantes
que de minha figura esquecerão
logo que a próxima música entrar
(ou talvez esquecer não seja o sentido que busco)
[ou talvez esquecer o sentido seja o que busco]
os barulhos brigam demais a minha volta
(invisíveis e inverossímeis cordas)
os bonecos dançam irremediavelmente
também eu danço, em estado de poder
e eu, pupila, me pergunto, dilatada:
pertenço? não pertenço? pertenço? não pertenço?
estamos incomunicáveis e nossos dentes batem
(continuo tendo, dentro de mim, o dentro-de-mim?)
em densa agitação meu coração descompassa
se rebela mas não se faz ouvir:
meu coração é o corpo todo
e agora tem um ritmo incomum:
dança a dança do deus inútil
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Quando uma árvore pensou
Estática. Nada retorna quando o que passou nunca foi. Ter sido não significa. O que poderia ter sido, ou o que era pra ser, foi jamais. Entenda o que digo: em todos esses anos que passaram, eu nunca de fato fui. A existência foi por mim. Você nunca teve medo de ter sido uma mentira? A cada dia nascemos, a cada noite morremos, mas o vento sopra em nós. Ser é um mistério que não ouso entender, mas compreendo. Compreendo agora, com minhas secas nervuras, já que ontem eu não era eu, e amanhã deixarei de ser o que sou, mesmo que aparentemente, sempre me seja. Que faço de mim quando mim não entende de ancestralidades? O ontem é meu ancestral antigo. O anteontem uma nuvem que se dissipou. Que faço do mim que estou agora sendo? Os pés duros, fincados, a cabeça verde a balançar, dando-me a grave ilusão de movimento. E ventre do fruto mais bendito vermelho. Deus me humilha com sua sádica intolerância. Tento me opor a deus, tolerando-me: fracasso. Nunca serei deus, eu que nem em deus posso crer. Nem Eva, nem a maçã macia. Eu sou a raiz de uma macieira secular que ignora a própria existência. Extática.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Adeus, Sophia.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
A menina Sophia e a maçã
quinta-feira, 10 de junho de 2010
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Primeiro dia
domingo, 6 de junho de 2010
Fora adentro, dentro afora
Lá fora tudo à toa.
Aqui dentro, passarinhos.
Só você não voa.
Uni-verso
Lá fora tudo acaba.
Aqui dentro me limito.
Só você infinito.
Aquário com Peixes
Lá fora tudo seco.
Aqui dentro aguarada .
Só você nada.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
do contra
corporal
com meus glóbulos vermelhos
com minhas órbitas doloridas
e com as dúvidas que são pedras na minha cabeça
mas não no meu coração
te amo com o peito cheio
e com as mãos vazias
o que trago e te ofereço é meu amor
meu cansaço e minhas pernas
que apesar de tudo ainda desejam caminhar
te amo com todo meu tecido adiposo
com meus poucos cílios
e minha boca salivante
com os nervos te amo
com os tendões
as unhas, dentes e estômago
te amo com o enjoo da vida
sempre presente
com a náusea da existência
te amo e amo como respiro:
assim, sem esforço algum
te amo incerteza, silêncio e pintas
molecagens, riso inconfundível e pouca fala
te amo corpo inteiro
pêlos e tatuagem
nu te amo ainda mais
despido, dormindo, vulnerável
te amo olhos fechados
e boca aberta
e por amar assim
pouco calma, muito corpo,
alma toda
e não só por amar assim
mas por ter vivido
antes e depois e estar agora
te e me aprendendo
não sei como terminar um poema de amor
só sei fazer amor
com este meu corpo
que é pouco
e talvez não mereça o teu
terça-feira, 25 de maio de 2010
o inferno são eus outros
sexta-feira, 21 de maio de 2010
terça-feira, 18 de maio de 2010
Da liberdade incompreendida.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
dai-me
no MSN com @josue_elias
você é dose
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Divagação de Sophia sobre "ser"
quinta-feira, 6 de maio de 2010
não vou rimar amor com dor
adeus a mim
nome protegido até segunda ordem.
terça-feira, 4 de maio de 2010
deficiência sentimental
não ouve a minha
vontade absurda muda
de te aprender
confunde tudo
e enxerga, cego
que o que eu quero
é te prender
logo eu que nem sequer possuo laços
segunda-feira, 3 de maio de 2010
quase indiferente
e não me amou
já não me causa mais
ódio, carinho ou pena
ele não me foi
de todo inútil
afinal
no final
tudo vira poema
sábado, 1 de maio de 2010
desapetite
é restaurante fino
buffet sem bufões
talheres certos
mesas sem cotovelo
assuntos sem pessoas
pessoas sem assunto
obrigada, garçom
esse prato não desce
esse gosto não engulo
fico com os restos
que sobraram de mim
embrulha pra viagem?
desassossego
dói há anos
nos tutanos
viver me deixa
cego
ser carne
osso e tropeço
fere a alma
entorta
os dentes
viver me tira o
sos
s
[ego]
o que em mim te ama
sexta-feira, 23 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
sexta-feira, 16 de abril de 2010
um caso de amor e de ódio
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Diálogo
quarta-feira, 14 de abril de 2010
O grito de Sophia
sexta-feira, 9 de abril de 2010
O poema
Merece respeito
Todos são trouxas
Feito nas coxas
Todos são leigos
Nenhum poema
Nasce direito
-Cortam a alma
Rasgam a calma
Mostram defeitos
Nenhum poema
Fala baixo
Grita pouco
Revela o intento
Mas quando o poema
Endoidece a face
Desfaz o disfarce
Insulta o certo
Alça vôo e se lança
Tudo de oculto
em mim
Se alcança
pegadas
circus
na minha
quarta-feira, 7 de abril de 2010
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Escrituras sangradas
quinta-feira, 18 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
provação
nem seu contorno
nem good night
nem bom giorno
meu o amor é o pão cru
que o diabo
ama / sou
e que nunca sairá
do forno
consumidora
tua alma a prazo
é assim que te amo
se eu acabar no prejuízo
com quem eu reclamo?