palavra I – amor
a palavra é o grito que representa uma coisa que é muda e que jamais pode ou poderá ser representada, a coisa: esse é o maior sofrimento do poeta: dar som àquilo que nunca deixará de ser silêncio. poeta é o que trabalha com a matéria do impossível. poeta é aquele que veste o que nunca deixará de estar nu. o poeta é a própria nudez em forma de carne. sua palavra é suor e soa alto. palavra é o tronco que ecoa oco, mas que esconde e mostra seu cerne.
todas as palavras já foram ditas.
palavra II – a ódio
todas as palavras - essas malditas – já foram inventadas e já estão ditas. quando nasci, não sabia falar. quando soube, não pude escolher a palavra chichume para designar uma coisa que é uma panela. não pude escolher a palavra crelho para designar uma coisa que é casa. não pude escolher a palavra zomburo para designar aquilo que conhecemos como loucura!
e tem gente que ainda acredita em liberdade. tolos.
pára de escrever essas coisas, me mói por dentro pensar que tudo o que dizes é tão... real.
ResponderEliminarSempre intensa e verdadeira. Ótimo...
ResponderEliminarE você sempre tão gentil, né Marcelo? Naaah, nem sempre. Por isso que gosto tanto da sua pessoa. hahah
ResponderEliminar;)
Palavras, palavras...O mundo é tão verborrágico!
ResponderEliminar"todas as palavras já foram ditas"
culto ao silêncio.
ps:adorei.