quinta-feira, 1 de setembro de 2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

cara sério

anêmica vida anímica
tua alma mal fala
ou faz mímica

o que é que há por dentro
que não transparece fora?

o que fez contigo o tempo
que desastres, que mistérios
fizeram este cara sério
com quem pareces agora?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Quer ganhar a poesia completa do Manoel de Barros?

Concurso Cultural  
Livrai-nos

Costumo comprar livros de poesia e literatura em geral, lê-los e deixá-los guardados em casa. Mas não tenho muito espaço e acho que um livro parado é um desperdício. Pensando nisso, tive a ideia de oferecer outros donos a esses livros. Porque um livro precisa de leitores para se manter vivo. Livro na estante é livro morto.

Alguns livros estarão novinhos em folha. Outros, estarão grifados (por mim, claro). Outros ainda poderão estar com aspecto de usado mesmo. Rodadinho. Serei clara com todos em relação ao estado de cada um dos livros que eu colocar aqui pra fazermos essa brincadeira. E todos os ganhadores terão uma dedicatória especial.

Se você quer ajudar a dar vida aos livros que estavam parados lá em casa, curta a fanpage do blog aqui. Veja como participar:

CC#1 Livrai-nos, Manoel de Barros!

1. Curta a fanpage do blog
2. Faça uma frase com até 140 caracteres, inspirada no estilo do Manoel
3. Poste a frase aqui

O autor da frase que mais me tocar leva o livro. O resultado sai no dia 26 de agosto, às 16h (sexta-feira), no mural da fanpage. Entrarei em contato via inbox. 

Regulamento: o Concurso Cultural Livrai-nos é válido somente em território nacional. O livro só poderá ser enviado àqueles que tiverem curtido a página do blog, acima citada. Este concurso é uma brincadeira, e tem caráter totalmente recreativo, cultural e não-comercial.

Estado do livro: sem grifos, capa um pouco sujinha porque andei com ele pra lá e pra cá por meses. Mas em ótimo estado.

Inspire-se no Manoel:

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Boa sorte (ou seria criatividade?) a todos.



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

o que é, o que é?


que na presença
dos corpos
e na convivência
dos dias
se esvazia

e que na ausência
dos corpos
e na nostalgia
dos dias
se amplia?

que angústia é essa
e que agonia

se não é amor
o que será
que seria?

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sophia não morreu

Não há no mundo príncipe encantado nenhum para libertar Sophia de seu sono profundo. Não, Sophia não havia morrido. Você tinha acreditado no para sempre de Sophia? No sono eterno de Sophia? Tolo. Tola ela também, que tinha olhado pra si mesma e repetido: estou morta, estou morta, estou morta. Assim mesmo, três vezes e quantas mais vezes fossem necessárias mentir pra si mesma, só pra acreditar na própria morte, que era tão bela de se acreditar. Afinal, morrer por amor é cinematográfico, que menina por aí nunca fantasiou histórias de Romeu e Julieta? Também é sabido que muitos homens acham que são Romeus. Mas Sophia, que já havia passado pelo sem nome da vida, agora olhava-se no espelho e dizia: estou viva e meu nome é Sophia. Pra que Julieta se posso ser Sophia? Se sou: Sophia. Quem precisa do Romeu é a Julieta, e pobre Julieta, visto que o Romeu nunca existiu fora de seus sonhos de menina. Qualquer um seria Romeu, já que Romeu era só um sonho. Sophia riu, deu um passo adiante. Acordara do sono, rira dos sonhos bobos que, por mais reais que parecessem, não haviam passado de sonhos. Tomara seu nome pra si. So-phi-a. Desperta, toda viva, alerta e neutra. Feliz não pode se dizer que estava, mas estava de um sentimento que nunca tivera antes. E repetia: quem nasceu pra Julieta jamais será Sophia. Quem nasceu pra Julieta jamais será Sophia. Quem nasceu pra Julieta jamais será Sophia. Três vezes ou quantas mais vezes fossem necessárias para confiar na verdade que havia acabado de descobrir.

A maldição de Sophia

Sophia sofria por ser livre. Livre demais, exageradamente livre. Doía tanto. Dava nela uma vontade besta e inútil de não querer ser livre. Sonhava em ter uma capacidade de se prender, de se sentir posse de alguém. De seu pai, de sua mãe, de sua irmã, do homem que ela amava, de deus, de seus amigos, do bairro onde vivia ou até mesmo do bairro onde tinha nascido, de sua cidade, de seu chefe, das causas nas quais acreditava, do Estado, de seus cantores preferidos, de seus professores. Desesperadamente Sophia desejava ser de alguém. Mas ela era dela, e só dela. Não tinha escolha: nascera assim. Era defeito de fábrica, culpa de ninguém. A liberdade de Sophia era seu câncer, que não a deixava ser de ninguém, exceto dela mesma. Ah, como ela queria se dar a alguém ou a alguma coisa que fizesse dela o que bem entendesse, gato, sapato, algemas e correntes. E que pertencer a alguém fosse a fonte de toda uma felicidade que desconhecia e invejava. Sophia não podia se dar de presente a ninguém, a nada. Misteriosamente cumpria o que o destino havia reservado pra ela. Lutava bravamente, mas no fim das contas, lá estava ela condenada novamente. Condenada a ser livre.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Freedom

  




Poema: @natacha_o
Ilustração: @pfacco

Veja mais ilustrações da Pamela aqui. Para ver mais poemas da Natacha, vulgo eu, continue navegando no blog.

Se curtiu e quer acompanhar de pertinho todas as novidades, curta a fanpage do Língua Inquieta. Lá no álbum você encontra mais poemas ilustrados.

:)

Gostosa,


porém perigosa.

terça-feira, 5 de julho de 2011

o símbolo

levo nas costas entre aspas
um invisível oito deitado

desenho o infinito
no peito
com a ponta
do indica[dor]

hora eu mostro
hora eu escondo
-medo

mas é sempre
o mesmo
-amor

sexta-feira, 1 de julho de 2011

[ aos poetas por essência]

loucos, cortaremos os pulsos das palavras
e que assim só restem os impulsos

expulsaremos a beleza pretendida
destemidos, por nos assumirmos feios

soltos, percorreremos caminhos inexplorados
confundiremos as idéias já entendidas

o que restará – nada a não ser versos
nada – a não ser nós pelos avessos

terça-feira, 21 de junho de 2011

freedom

free
dom

ser livre &
deixar ser livre

a liberdade
é um dom


atira dor

palavras são flechas
ninguém está
a salvo
quando se trata de amor
o atirador
também é o alvo

"Pois logo a mim, tão cheia de garras e sonhos, coubera arrancar de seu coração a flecha farpada. De chofre explicava-se para que eu nascera com mão dura, e para que eu nascera sem nojo da dor. Para que te servem essas unhas longas? Para te arranhar de morte e para arrancar os teus espinhos mortais, responde o lobo do homem. Para que te serve essa cruel boca de fome? Para te morder e para soprar a fim de que eu não te doa demais, meu amor, já que tenho que te doer, eu sou o lobo inevitável pois a vida me foi dada. Para que te servem essas mãos que ardem e prendem? Para ficarmos de mãos dadas, pois preciso tanto, tanto, tanto - uivaram os lobos e olharam intimidados as próprias garras antes de se aconchegarem um no outro para amar e dormir."
(Trecho do conto 'Os desastres de Sofia', in "Felicidade Clandestina, Clarice Lispector)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

mão única

em transe
me rendi às suas placas
[tectônicas]
lombadas, lambidas
[mnemônicas]
buzinas e cantadas
[supersônicas]


mas você
[filhodaputa]
não avisou que a rua
pro seu coração
não era de mão dupla

a burra aqui entrou
e além de ter capotado
vai ter que pagar a multa

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Muito além da verdade


- Eu quero só que você me diga a verdade.
- A verdade sobre o quê?
- Queria saber o que passa no seu coração.
- Sangue, muito sangue.
- Não seja cínica, não foi isso que eu perguntei.
- Mas eu te disse a verdade.

(...)

E você aí, querendo a verdade, quando a única coisa que importa é a poesia. Tsc, tsc.

domingo, 1 de maio de 2011

Vale saber

- Todo amor tem prazo de validade?
(...)
- Não. O amor de verdade vence, mesmo depois de vencido. 



Inspirada num tweet do Fábio, em que ele perguntou se todo amor tinha prazo de validade.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Eu nunca acabo (nem você)

Olho com nostalgia para coisas que ainda não passaram. Pressinto o futuro tomando posse de mim. Que me ocorre? Não sei. Mas algo de mim já partiu sem se despedir. Algum pedaço do meu corpo se descolou e a falta que ele faz lateja sem doer. É a vida vivendo. Não estou toda nova, mas já não sou mais a velha conhecida do espelho. Não que eu não me reconheça mais: sei de cor todos os meus traços. Mas algo está indo, em processo de tchau. Despeço-me angustiada, mas de uma angústia que é oca porque não sei de onde vem. Um dia eu disse que era preciso enfrentar o medo e não sabia exatamente de que medo eu estava falando: eu quase nunca sei do que estou falando, e quando falo, é porque estou tentatando me aproximar desse saber. Mas entre falar e ter revelado o núcleo exato da emoção que me acometia enquanto escrevia leva um tempo, o tempo de algo em mim amadurecer. Por isso o que eu escrevo é quase sempre verde e amarra a boca. Cada palavra não uma descoberta, mas uma anunciação. Eu disse que tinha medo e que eu teria de atravessá-lo. Hoje estou coragem. Para o outro lado de mim mesma estou indo, no meio do caminho, ou no começo, ou não sei onde. O importante é que estou em movimento, lento por fora, pressa por dentro. Pressa de chegar a mim mesma, a quem serei. Enquanto isso me torno. Vou me tornando não quem eu queria ser, não quem eu deveria ser. Mas quem eu sou. As perguntas de ontem são as epifanias de hoje. O espaço entre essas e aquelas são dor e alívio. Mas do alívio sempre nasce outra dor. A epifania se torna novamente outra pergunta e as novas palavras, novas anunciações. Porque eu nunca acabo. Nem você.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

MEME pergunta que eu respondo

Eu nunca posto nada que não seja autoral nem que não seja literário neste blog. Quando quero dar minha opinião sobre algo ou contar uma coisa interessante, posto no Controle Remoto, ou quando o assunto é e-music, eu tô lá no Caixa Direita [sim, uma mina que escreve poesia e é apaixonada por música eletrônica, que é que tem, cara pálida? rs].

Mas esse meme* eu recebi de duas pessoas muito queridas, de lá do Papel de Seda, a Inara e a Estrella. Então abri uma exceção, pois achei as perguntas delicadas e interessantes. Repasso o meme para o Davi e para o Eduardo.

*Se você não sabe o que é meme, leia a minha definição logo depois da última pergunta. ;)

--


1 - Qual é para você o cúmulo da miséria?
Ter de tudo, menos o essencial [que não pode ser visto]. Típicas pessoas que têm dinheiro, mas em matéria de dignidade, caráter e amor, estão sempre devendo. Ou seja: ter tudo e não ter nada, isso pra mim é o cúmulo da miséria.

2 - Onde gostaria de viver?
Gosto de onde eu vivo, mais pelas pessoas com quem eu moro do que pelo local em si. As pessoas com quem eu vivo constroem o “onde eu vivo”.

3 - Qual o seu ideal de felicidade terrestre?
Aceitar a mim e as pessoas exatamente como elas são é terrestre ou espiritual? Ideal de felicidade é levar mais em conta aquilo que eu sinto do que aquilo que cobram de mim. Eu já faço isso. O problema é a tortura que vem depois. Mas será que isso é terrestre ou espiritual? Acho que estou com problemas de definição: qual a linha que separa o que é terrestre do que é espiritual? Felicidade terrestre seria ter uma vida confortável com meus filhotes e maridão (sim, eu tenho esse ideal cafona), conseguindo conciliar minha família e minha carreira. Mas eu acho isso tão espiritual também...hahah


4 - Quais as faltas que merecem sua indulgência?
Todas as faltas merecem indulgência, principalmente as que mais nos escandalizam. Pois só cometem faltas aqueles que estão perdidos, e todos que estão perdidos precisam de indulgência. Infelizmente na hora de praticar esse pensamento, sou muito falha. Mas acho que isso também merece indulgência.

5 - Qualidade que prefere no homem
Honestidade, humildade, inteligência e sensibilidade são as qualidades que prefiro num homem. Também gosto de homens que entendem que, pelo fato de serem homens, possuem privilégios sociais sobre as mulheres (ganham mais, não sofrem atentados diários na rua, não são discriminados porque possuem desejos sexuais...etc), e que lutam pela igualdade e pelo respeito às mulheres. Essa qualidade é APAIXONANTE. E raros a têm.

6 - Qualidade que prefere na mulher
Honestidade, humildade, inteligência e sensibilidade são as qualidades que prefiro num ser humano! Não acredito em qualidades masculinas e qualidades femininas, apenas em características masculinas e características femininas. Gosto de mulheres que sabem contornar a obrigação de ser do jeito que a mídia impõe que devam ser.

7 - Por qual personagem da literatura se apaixonaria?
Pelo Ulisses, de “Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres” (Clarice Lispector).

8 - Qual o seu palavrão preferido?
CARALHO! Por que ele é meu preferido eu não sei, só sei que toda vez que eu preciso xingar ou manifestar minha admiração, é ele que vem à minha boca. SEM TROCADILHOS, HEIN! rsrs

9 - Qual seria para você a maior desgraça?
Acho que não poder ter filhos. Obviamente eu adotaria, mas não poder sentir um bebê dentro de mim, não poder passar por uma gestação... seria muito frustrante pra mim. BATE NA MADEIRA!

10 - Como gostaria de morrer?
Dormindo, bem velhinha, de preferência depois de ter conhecido e passado uns anos com meus bisnetos. ^^


MEME: derivada da palavra mimese, tem a ver com "memória". É tudo o que uma pessoa replica para outra, que, por sua vez, replica para outras, e assim vai. É como se fosse um viral, que vai se espalhando em progressão aritmética. Na internet, esse termo tem a ver com as gírias e expressões sazonais, bastante comuns agora que muitas pessoas possuem Twitter  ("todos chora", "forever alone", "tem que ver isso aí", "epic win", mimimi). Também pode estar relacionado a algo que um blogueiro tenha criado e convidado outras pessoas a repassarem, como é o caso deste post.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

diferença

para sempre e nunca mais
medidos pelo tempo
são iguais
pela saudade
jamais

é ou não é?

não é amor se não dói
se só dói, não é amor
ser ou não ser
eis a questão
que pensa minha cabeça
e sente meu coração