quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sophia não morreu

Não há no mundo príncipe encantado nenhum para libertar Sophia de seu sono profundo. Não, Sophia não havia morrido. Você tinha acreditado no para sempre de Sophia? No sono eterno de Sophia? Tolo. Tola ela também, que tinha olhado pra si mesma e repetido: estou morta, estou morta, estou morta. Assim mesmo, três vezes e quantas mais vezes fossem necessárias mentir pra si mesma, só pra acreditar na própria morte, que era tão bela de se acreditar. Afinal, morrer por amor é cinematográfico, que menina por aí nunca fantasiou histórias de Romeu e Julieta? Também é sabido que muitos homens acham que são Romeus. Mas Sophia, que já havia passado pelo sem nome da vida, agora olhava-se no espelho e dizia: estou viva e meu nome é Sophia. Pra que Julieta se posso ser Sophia? Se sou: Sophia. Quem precisa do Romeu é a Julieta, e pobre Julieta, visto que o Romeu nunca existiu fora de seus sonhos de menina. Qualquer um seria Romeu, já que Romeu era só um sonho. Sophia riu, deu um passo adiante. Acordara do sono, rira dos sonhos bobos que, por mais reais que parecessem, não haviam passado de sonhos. Tomara seu nome pra si. So-phi-a. Desperta, toda viva, alerta e neutra. Feliz não pode se dizer que estava, mas estava de um sentimento que nunca tivera antes. E repetia: quem nasceu pra Julieta jamais será Sophia. Quem nasceu pra Julieta jamais será Sophia. Quem nasceu pra Julieta jamais será Sophia. Três vezes ou quantas mais vezes fossem necessárias para confiar na verdade que havia acabado de descobrir.

2 comentários:

  1. Sophia viveu... pois morreu... viveu, pensou, sentiu, arriscou, refletiu... ideias e pensamentos mudam a cada nova experiência, morrendo dia-a-dia tudo que é passado, ascendendo o viver renascente... a única constante da vida é a transformação, e a maior infelicidade do homem é buscar o passado, aquele que modificou-se, um lugar, pessoa ou situação.... Guardamos o fardo do sofrimento por não aprendermos a lição posta à prova. Imprescindível é o aprendizado pela morte, o saber de sua constante, para assim estarmos cientes que nosso melhor no presente se encontra e afastado do passado permanece. Nath um forte abraço de seu amigo Jr.

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  2. Romeu é qualquer um. E eu fico aqui pensando o que é preciso para que os amores e os encontros e as perdas não tenham o destino triste de Romeu e Julieta. Há que se saber ser Sophia. E Maria. Ana. João. Felipe. Luana. Andreia. Leandro. Mateus. Sara. Lucas. etc. etc. etc.

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Que tal continuar o poema nos comentários? Co-criemos.