Sobre a linguaruda

Abre aspas. Eu sou 1986. Sou nome russo. Sou literatura femininacional. Sou faculdade de Letras. Sou mãe. Sou a síntese da análise, poesia concreta feita da matéria do corpo que também é etérea feito palavra-quase-muda sussurrada em ouvidos surdos. Sou conceito e abstração e também sou o duro soco no estômago do homem caído no chão. Sou Björk. Sou Clarianas. Sou livros assinados por mulheres assassinadas pela psicanálise, sou .mp3, .jpgs, .docs, sou .exes, às vezes sou .psds. Sou máquina fotográfica digital, sou microsoft word, sou bloco de notas, sou post its, agendas, guardanapos, o papel que falta na hora da sobra. Sou Alice Miller, sou Karen Horney. Sou uma “?”, sou uma “!”, uma vírgula, reticências, sou sim mas sou muito mais não. Sou psicodelia metafórica. Sou Clarice Lispector, Valéria Tarelho, Alice Ruiz, Audre Lorde, sou o silêncio que não se romperia mas se rompeu por um triz, fricatrix atriz da minha própria cicatriz. Sou pelos na suvaca, macumba e urucubaca, unhas por fazer, um eterno lembrar e esquecer. Sou aquário com peixes. Mas mais do que tudo isso: eu sou o que soul. Fecha aspas.

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