terça-feira, 28 de janeiro de 2014

filho taurino

solar
eu era ar
mente mentante

lunar
eu era água
coração galopante

ascendente
o fogo era eu
intenção transmutante

depois do filho
o norte

agora sou terra
vou também
cheia de chão

e sorte

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

deusa eu

mãos espalmadas
em frente ao peito:

mendicância
a um pai
que não existe?

saudação à
deusa
que me reside.

{de[u]s
orientada}
desejo:

que minha mente
desocidente

e que o som
do meu coração
me oriente

branquinho

bunda mole
cabeça dura
classe-média

comédia

racista
machista
contador de
conquistas

tragédia

sábado, 18 de janeiro de 2014

tudo ou nada

de repente
deixei de ser
doce

[que vicia]

eu não tô na vida
pra ser vício
de ninguém

[nem vadia]

no meu corpo moram
todos os sabores

[iguaria]

nasci foi pra ser
provada

pela língua
destravada
desbravada

ou tudo
ou nada

vida

tá tudo pontuado
partido passado
lido sentido
quase superado

agora o que quero
ver o ponto final
ser transformado
em marco zero

definição

poesia é
resposta
que se lança

já o amor
coceira nas costas
que a própria mão
não alcança

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

selvagem

para obedecer
ao íntimo
ritmo

apenas uma
premissa

que para tanto
haja espanto
contra toda
injustiça

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

ex-princesa

face a face
não existem mais
disfarces

máscaras dadaístas caem
deixando às vistas
rostos de carne e osso

o medo pulsando tenso
na veia do meu pescoço

por trás do véu de maya
sob os músculos e sangue
eu vou como carangueijo
cruzando o lodo do mangue

até chegar ao mar
sereia de Ulisses
cantando encantamento
sem perigo, essa tolice

eu canto porque preciso
eu grito pra mergulhar
não no lago de Narciso:
no espelho de Alice

atravesso sozinha
o meu próprio precipício
louvar o prepúcio do príncipe
não está nos meus princípios

burrice

se ele não consegue
ler estrelas

[nem as do céu
nem as minhas]

que poderia eu significar
portanto
pra um analfabeto
de entrelinhas?