quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sophia, quem é?

Sophia é uma mulher conhecida. Mas quem conhece Sophia? Conhecer Sophia é uma maldição. Sophia não se deixa conhecer. Ela mesma sabe que se um dia chegar a saber quem é, morreu. Só conhece Sophia quem está no extremo: quem muito sabe ou quem nada sabe. Porque só se conhece Sophia por meio de muito raciocínio ou nenhum raciocínio. O conhecimento de Sophia não é permitido no meio termo. Sophia mal se conhece. E acha graça de quem a define. Sophia é vaidosa. Gosta de saber o que sabem dela. Assim se conhece mais. Mesmo que o que saibam seja uma mentira. Ela gosta. Ouve com atenção. E até concorda. Mas o que Sophia é, intrinsecamente é, escapa a todos. Nada se sabe sobre Sophia. "Quem sou?", pergunta Sophia. "Você é", responde Sophia. Tudo o mais é mera suposição. Para que Sophia se sinta realmente amada, é preciso perdoá-la. Perdoá-la por não ter uma identidade. Quem ama uma mulher sem identidade? Só mesmo alguém capaz de perdoar uma indigente. Porque o amor não ama a identidade: ama a essência. E essência não é a identidade. Essência não se define. E Sophia possui uma essência, só não a toca, nem a sabe. Apenas pressente que tem. E Sophia a busca. Sophia busca a própria essência, confundindo-a com identidade. A essência de Sophia é uma: é a que pode ser amada. A identidade de Sophia não. Porque ela não é apenas uma. Ela é pluriSophia. O que não tem nome em Sophia é seu núcleo. O núcleo de Sophia é passível de ser amado. Sophia, não. Não se conhece Sophia. Pressente-se seu núcleo. Por isso ama-se Sophia: por uma metáfora. Ama-se Sophia que não é Sophia propriamente dita, mas seu núcleo invisível. Só um louco é capaz de amar Sophia. Porque só os loucos perdoam.

4 comentários:

  1. Ou então Sophia se preocupa demais em buscar algo que a impulsa a viver e mal ela sabe. Gasta minutos, lagrimas e passos procurando respostas e indicações que lhe mostrem uma identidade que se pode ver nos olhos. Que se pode ler entre as palavras ou entre o leve sorriso amargo de quem precisa se encontrar. E talvez essa seja Sophia. O doce amargo da menina que sonha entre amores e respostas, entre sobrios e lunáticos. Mas pelo que lembro Sophia não precisa de perdões. Do que ela precisa? Não, me recuso responder algo que está rente aos seus olhos e junto de sua pele. Sophia precisa de tudo. Sophia precisa do nada. Mas quem poderia saber de tudo isso alem de Sophia?

    Eu.

    Bjs!

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  2. Um quebra cabeça interessante de se montar, essa tal de Sophia.

    http://machonaochora.wordpress.com/

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  3. Nem sempre só os loucos perdoam...

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  4. Identidade, whatafuck...
    quando isso começa a ser discutido, minha reação é instintiva: fico quieto, me recolho. pra manter a essência dentro da caixinha, para que ela não seja contaminada pelas identidades.

    dói.

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