Sophia é uma mulher conhecida. Mas quem conhece Sophia? Conhecer Sophia é uma maldição. Sophia não se deixa conhecer. Ela mesma sabe que se um dia chegar a saber quem é, morreu. Só conhece Sophia quem está no extremo: quem muito sabe ou quem nada sabe. Porque só se conhece Sophia por meio de muito raciocínio ou nenhum raciocínio. O conhecimento de Sophia não é permitido no meio termo. Sophia mal se conhece. E acha graça de quem a define. Sophia é vaidosa. Gosta de saber o que sabem dela. Assim se conhece mais. Mesmo que o que saibam seja uma mentira. Ela gosta. Ouve com atenção. E até concorda. Mas o que Sophia é, intrinsecamente é, escapa a todos. Nada se sabe sobre Sophia. "Quem sou?", pergunta Sophia. "Você é", responde Sophia. Tudo o mais é mera suposição. Para que Sophia se sinta realmente amada, é preciso perdoá-la. Perdoá-la por não ter uma identidade. Quem ama uma mulher sem identidade? Só mesmo alguém capaz de perdoar uma indigente. Porque o amor não ama a identidade: ama a essência. E essência não é a identidade. Essência não se define. E Sophia possui uma essência, só não a toca, nem a sabe. Apenas pressente que tem. E Sophia a busca. Sophia busca a própria essência, confundindo-a com identidade. A essência de Sophia é uma: é a que pode ser amada. A identidade de Sophia não. Porque ela não é apenas uma. Ela é pluriSophia. O que não tem nome em Sophia é seu núcleo. O núcleo de Sophia é passível de ser amado. Sophia, não. Não se conhece Sophia. Pressente-se seu núcleo. Por isso ama-se Sophia: por uma metáfora. Ama-se Sophia que não é Sophia propriamente dita, mas seu núcleo invisível. Só um louco é capaz de amar Sophia. Porque só os loucos perdoam.
Ou então Sophia se preocupa demais em buscar algo que a impulsa a viver e mal ela sabe. Gasta minutos, lagrimas e passos procurando respostas e indicações que lhe mostrem uma identidade que se pode ver nos olhos. Que se pode ler entre as palavras ou entre o leve sorriso amargo de quem precisa se encontrar. E talvez essa seja Sophia. O doce amargo da menina que sonha entre amores e respostas, entre sobrios e lunáticos. Mas pelo que lembro Sophia não precisa de perdões. Do que ela precisa? Não, me recuso responder algo que está rente aos seus olhos e junto de sua pele. Sophia precisa de tudo. Sophia precisa do nada. Mas quem poderia saber de tudo isso alem de Sophia?
ResponderEliminarEu.
Bjs!
Um quebra cabeça interessante de se montar, essa tal de Sophia.
ResponderEliminarhttp://machonaochora.wordpress.com/
Nem sempre só os loucos perdoam...
ResponderEliminarIdentidade, whatafuck...
ResponderEliminarquando isso começa a ser discutido, minha reação é instintiva: fico quieto, me recolho. pra manter a essência dentro da caixinha, para que ela não seja contaminada pelas identidades.
dói.