já amei o branco
da pomba da paz
não mais
já não amo
pacificamente
o mundo
como há meses
atrás
mas ainda amo
talvez não mais o mundo
e sim gaia
permito a raiva
e todos os contraditórios
não amo pelos aplausos
do auditório
amo pelo abandono
da menina abraçada
aos seus joelhos roxos
morta de sono
amo pelas lágrimas
guardadas durante anos
volume morto
envenenado
com pesados metais
ais!
pelo
buraco negro
no peito
que nos sugavam
sabe-se lá para onde
enquanto no quarto
com as luzes apagadas
lavávamos os travesseiros
engolindo o soluço
mudo
pra ninguém desconfiar
pelo medo
de termos pecado
antes de dormir
pelo desejo de
sonhar
com um espaço
onde fosse
permitido chorar
sem prender o ar
pássaro preto
riscando o céu
à noite
invisível
entre as estrelas
depois
de deixar a gaiola
eis o meu amor
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