ele amava
minha pose
a posse
do que eu passava
quando a
gillete raspava
quando a cera
descolava
sempre lisa
nunca brava
a pose
de uma menina
de doze
saindo
da escola
fantasia de colegial?
ânsia, embrulho
me passa o sal!
acho que a pressão caiu
relaxa que ninguém viu
meia dose
de verdade:
porque inteira
ninguém engoliria
ela
é doce?
é simpática?
boazinha?
comportada?
pernas fechadas?
tonta, monga, abobalhada?
sempre com ar
de apaixonada?
vulnerável
tanto quanto
eu era:
uma bonequinha
inflável
calada
menina
a quem só era
permitida a pose
e mais nada
e ele amava em mim
tudo aquilo
a que fui forçada
minha fragilidade
exacerbada
minha força
forjada
a mulher
que crescia em mim
ele temia e odiava
de qual ele estou falando?
de qualquer um
todos eles são iguais
sem mais
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