terça-feira, 2 de dezembro de 2014

a lua

se deixar
ir

depois de ir
e voltar

se jogar
como as águas
nas pedras do mar

sem se partir

se entregar
não ao que se pensa
mas ao que se sentiria
se a
mente
patriarcal
mente
não existisse

se a mentira
moral
branca (e gelada)
como a neve
nunca tivesse sido
pronunciada

branca de neve
gelada como a morte
dentro de um caixão
no meio da floresta

a ressurreição
com um beijo
de amor
do príncipe encantado
num cavalo

branco

o reino
dos sonhos
acorrentado
pelo mito da
salvação

e se o deus
fálico
bélico &
pálido
nunca tivesse
sido criado
à imagem e semelhança
do homem?

eu pergunto demais
eu devo ir?
devo
me deixar ir
depois de
um dia já ter pensado
e depois de já ter pensado
todos os dias da minha vida
desde quando me descobri
pensante?

deveria eu me deixar?

o que se pensa
pesa nas costas
porque a mentira
é a cruz que carregamos
pesada
que nos aponta
quem é que leva
as chibatadas

deixar de pensar
depois de um tanto já ponderado
eis a entrega
das pagãs
xamãs

das sonhadoras
irmãs

eu abandono
meu não-pensamento
ao pensamento
daquelas que já estão fartas
de pensar
das que querem agir
sem pestanejar
como se estivessem a
sonhar

sonho é o ponto
de intersecção
da conexão
entre mente e
aquilo que não mente

sonhar
é como se fosse
morrer

mas isso é que é
viver

faceiras &
feiticeiras

dançando
com lilith
e com gaia

nuas

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