domingo, 17 de agosto de 2014

o retorno da deusa

ignorar os chamados
sociais
ser indivídua
nada mais

como?

me tortura
o sono
de minhas iguais

meu próprio sono
desencantado

desperto
no deserto
vejo de perto
o que há
por trás
dos ais

sinais

a deusa volta
ensanguentada
e enfurecida

cavou do centro
do mundo
a subida

as unhas
de terra
os olhos
de guerra

na jugular de deus
ela finca os dentes
e menstrua sobre ele
livremente

observo

seu sangue é
meu sangue
seu ódio é
meu ódio

vermelho vivo
voraz sagaz
de quem
se cansou
de implorar
por paz

mas não mais

todas passam
por mim
na calçada
mal sabem
dessa minha visão

desconcertada sorrio
e abaixo a cabeça
em vão
quando o meu desejo
era gritar:

- não veem o que vejo não?

sorrio e caminho
desamparada
sou uma indivídua

mais nada

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