ignorar os chamados
sociais
ser indivídua
nada mais
como?
me tortura
o sono
de minhas iguais
meu próprio sono
desencantado
desperto
no deserto
vejo de perto
o que há
por trás
dos ais
sinais
a deusa volta
ensanguentada
e enfurecida
cavou do centro
do mundo
a subida
as unhas
de terra
os olhos
de guerra
na jugular de deus
ela finca os dentes
e menstrua sobre ele
livremente
observo
seu sangue é
meu sangue
seu ódio é
meu ódio
vermelho vivo
voraz sagaz
de quem
se cansou
de implorar
por paz
mas não mais
todas passam
por mim
na calçada
mal sabem
dessa minha visão
desconcertada sorrio
e abaixo a cabeça
em vão
quando o meu desejo
era gritar:
- não veem o que vejo não?
sorrio e caminho
desamparada
sou uma indivídua
mais nada
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