segunda-feira, 14 de julho de 2014

a perda final

tudo sempre me foi tirado
o que nunca tive
inclusive

fruto arrancado do galho
antes de crescida
a árvore

resignada me movo
como se o pior já estivesse dado
nada de novo

assim não morro de desgosto
e o possível alívio
sinto como um gozo

meu sexo me condena
a certas fatalidades
violências
impunes brutalidades

meu théo, théo teu
se te arrancarem de mim
te deixo tantas palavras
e tantas memórias

me deixo inteira pra você
toda escrita
dolorida por não poder
te criar como sempre sonhei

mas de cabeça erguida
porque mesmo ferida
não me calei

e se eu te criar
se as perdas vividas até então
não forem até as últimas
consequências
como sempre foram

é porque lutei
por cada segundo
ao seu lado

porque não deixei
meu urro de dor
ser abafado

como no dia
em que você nasceu

grito
essa sou eu

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