tudo sempre me foi tirado
o que nunca tive
inclusive
fruto arrancado do galho
antes de crescida
a árvore
resignada me movo
como se o pior já estivesse dado
nada de novo
assim não morro de desgosto
e o possível alívio
sinto como um gozo
meu sexo me condena
a certas fatalidades
violências
impunes brutalidades
meu théo, théo teu
se te arrancarem de mim
te deixo tantas palavras
e tantas memórias
me deixo inteira pra você
toda escrita
dolorida por não poder
te criar como sempre sonhei
mas de cabeça erguida
porque mesmo ferida
não me calei
e se eu te criar
se as perdas vividas até então
não forem até as últimas
consequências
como sempre foram
é porque lutei
por cada segundo
ao seu lado
porque não deixei
meu urro de dor
ser abafado
como no dia
em que você nasceu
grito
essa sou eu
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