desisto
o amor não existe
eu existo
existo e não amo
nem fui amada
o que sinto
não importa tanto
insisto
o amor
não merece
meu pranto
nem meu canto
desisto
o amor não existe
eu existo
existo e não amo
nem fui amada
o que sinto
não importa tanto
insisto
o amor
não merece
meu pranto
nem meu canto
para as loucas
a solidão é
nefasta
mas ela
aprende
um dia
[para sempre]
que o carinho
de poucas
já basta
a teia
que teço
com minhas
patas peludas
enquanto
pareço muda
esconde
o veneno
afiado
de um silêncio
milenar
guardado
não se iluda:
basta um salto
e tudo muda
a ilusão
de estar parada
num mundo
de pressas
me perturba
mas já não
me comove
aos 29
tenho a sorte
de saber
o que me move
não é a morte
pro azar de quem
me odeia
é a teia
não
[h]á
braços
dados
lançados
os laços
são frágeis
ou falsos
há gritos
pra todos
os lados
mas
ninguém
ouve
o que
houve
:os ouvidos
estão
tapados